terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Intolerância ao sabor

Bifum: sem glúten, sem lactose, sem fenilalanina, mas com muito sabor
A dúvida é: será que foi o diagnóstico das doenças de intolerância alimentar que ficou mais abrangente e mais preciso ou será que há mesmo uma epidemia desse tipo de doença no mundo moderno? É cada vez mais comum almoçarmos entre amigos e um deles ser intolerante a glúten, outros dois a lactose, talvez um quarto a fenilalanina (sim, esse é o hit do momento). E quando foi que, de repente, a comida virou um perigo? Pra mim, perigo mesmo é o que estão fazendo com a preparação dos pratos, onde a restrição não é a um grupo de alimento específico, mas ao sabor. Intolerância ao sabor, sim é essa a doença que aplaca os cardápios de 9 entre 10 restaurantes que querem ser politicamente corretos e oferecer opções para todos. Só é preciso dizer que restrição alimentar não significa extirpar do seu prato aquela substância nociva, mas que você tanto ama. O legal não é tirar apenas, mas substituir por outros grupos alimentares tão ou mais saborosos. Nas gôndolas dos supermercados há hoje muitas opções de produtos sem glúten (que você jura ter) e sem lactose (e que você não sentiu falta alguma). E na cozinha da sua casa, também é possível ser feliz e degustar sem medo a melhor das comidas, mesmo que esteja ali faltando aquela enzima que não deixa você metabolizar não sei o quê. Quer um exemplo? Macarrão bifum, já ouviu falar? Esse macarrão chinês, finíssimo, leve, feito de arroz e com baixas calorias, não possui glúten. E apesar de lá em casa, todo mundo enfrentar qualquer desafio e sem qualquer restrição alimentar, ele foi adotado para sempre. Pelo menos a cada 20 dias, o bifum reina num prato oriental diferente sobre o nosso fogão. Ontem fizemos assim: frango a passarinho previamente temperado com gengibre, limão, sal e alho. E, depois de refogado com cebolas em tiras, foram adicionados buquês de brócolis, lâminas finas de cenoura e, claro, um bom molho shoyu. Tudo rápido, fogo alto e preparado numa wok. Fica dourado, crocante e saborosíssimo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Almaúnica, promessa no Vale dos Vinhedos

Arquitetura da Vinícola-boutique  impressiona pela contemporaneidade
Merlot 2009, macio e mais elegante que outros vinhos jovens do Vale
Imagine um vinhedo ensolarado com 2,5 hectares de Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay, num terreno levemente inclinado onde um veio de estrada leva à sede da vinícola no alto. Contemporânea e suntuosa, a construção abusa do vidro, da madeira e das pedras da região, exibindo um pé direito altíssimo. Lá de cima, tem-se a visão de boa parte do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS), e sente-se uma brisa fresca de serra, perfeita para a contemplação e, claro, para a degustação dos grandes vinhos que a casa oferece. O interior da vinícola é moderno, móveis com design, objetos de arte, cantos que convidam ao aconchego. No balcão principal estão dispostas algumas das jóias dessa vinícola - a Almaúnica, que apesar do pouco tempo de mercado e de vida, já mostra seus primeiros filhos com orgulho.
Da videira à garrafa, o dono e criador do lugar, o enólogo Márcio Brandelli, faz questão de acompanhar todo o processo. A arquitetura da vinícola foi estruturada para que houvesse um uso eficiente da força da gravidade e a tecnologia mais moderna foi ali instalada. O empreendedor viajou mundo afora, e conheceu dezenas das maiores vinícolas até formatar a sua. Nas frias caves subterrâneas, os vinhos ganham complexidade dentro de barricas francesas e americanas, vindas das melhores tonelarias do mercado internacional.  O resultado não poderia ser melhor. Prove, assim que puder, os tintos reserva, com destaque para o Merlot, e você verá que não parece se tratar de uma vinícola fundada há apenas quatro anos. E há uma explicação para isso: Márcio e a irmã, Magda Brandelli, são a quarta geração de produtores de vinho na região. Abriram mão de uma tradicional e próspera vinícola que era administrada pela família - a Dom Laurindo -, e investiram todo o capital e os sonhos de ter uma vinícola à moda deles, a Almaúnica. E todo o esforço parece ter valido a pena quando degustamos seus espumantes e tintos. E ao perguntar aos donos se o sucesso também já está se traduzindo em dinheiro, brincamos com uma frase que conhecemos há tempos: "Vinícola é um negócio certo e que sempre dá dinheiro. O problema são os primeiros cem anos, depois vai que é uma maravilha". Se for ao Vale dos Vinhedos, não deixe de visitá-los.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Velas by Voluspa para gourmets

Notas que não brigam com a criação gastronômica
Chef James Boyce, criador da coleção para a Voluspa
Quem gosta de cozinhar em ambientes integrados e de frente para os seus convivas, sabe que nem sempre aquele cheiro de cebola e peixe crus agradam a todos. Mas a Voluspa, grife de velas aromáticas de nove entre 10 famosos, criou uma linha gourmet especialmente para diminuir os odores de comida do ambiente e liberar um aroma sofisticado. O mais incrível é que as notas não brigam com a criação gastronômica. Isso porque foi pensada e elaborada por um chef 5 estrelas, o lendário James Boyce, que empresta seu nome à coleção. Boyce é um veterano da gastronomia internacional e hoje possui os endereços mais cobiçados do Alabama, mas foi com o mestre Daniel Boulud, no New York, Le Cirque, que aprendeu a conquistar as pessoas com suas criações  gastronômicas.  A coleção desenvolvida por ele para a Voluspa tem seis aromas diferentes: California Citrus, Herb Garden, Sommelier, Spice Market, Vintage e esse da foto - Chef´s Special, que já provei e super aprovei. Em Florianópolis, você encontra toda a linha no Marrah Home, em Jurerê Internacional.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Biffi, uma instituição milanesa


Pita Bittencourt, amigo e seguidor do blog de primeira hora, manda uma nobre contribuição contando um pouco da sua experiência gastronômica em Milão, que compartilho com vocês:

"Desde a Idade Média, Milão é um grande centro comercial , industrial e financeiro da Europa. É o centro econômico da Itália, quase 5 milhões de habitantes, capital da moda e do design. A principal atração de Milão é o Duomo, a segunda maior catedral gótica da Europa. Ao lado dela fica a Galleria Vittorio Emanuele, construída em 1865 e considerada o primeiro shopping do mundo. O lugar é fantástico, agitado, com lojas e restaurantes maravilhosos.Em minha passagem por  Milão, fui convidado por minha amiga Eunice Capelletti, vivendo na Itália há 13 anos, para conhecer o Biffi, famoso restaurante na Galleria Vittorio Emanuele.
Aberto em 1867, o Biffi é quase uma instituição milanesa e há 17 anos é de propriedade de um brasileiro de Novo Hamburgo, Tarcisio de Bacco.
Diferente dos restaurantes que funcionam em áreas com grande concentração de turistas, sua cozinha mais que honesta é de excelente qualidade. Provei além da tradicional Salada Caprese (à direita), um Ossobuco com risoto (foto abaixo), prato tradicional de Milão, só não mais que a costeleta a milanesa, degustada por Eunice".

Para saber mais: Biffi Milano


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Gastronomateca

Livros na cozinha e sempre à mão
Biblioteca de gastronomia? Lá em casa, ela estava prevista desde o primeiro traço do arquiteto - talvez antes mesmo do fogão industrial que resolvi, entre outras excentricidades, trazer para a cozinha. Pequena e eficiente, hoje deve ter em torno de 100 títulos, porém todos escolhidos a dedo, comprados um a um e em ocasiões especiais, como viagens ou visita a templos gastronômicos. Simplesmente adoro. Na verdade, ela sintetiza a junção de duas paixões: a literatura e a arte de cozinhar. Não gosto de seguir receitas, mas devoro todos os livros para absorver o conceito de cada chef, de cada cultura, de cada época. É um exercício de criação: ler, buscar inspiração e elementos, para depois compor o próprio prato. Leio esses livros como literatura e, assim como obras de Gabriel Garcia Marquez e Umberto Eco, não raramente recorro à reeleitura como se, em um novo momento da vida, pudesse absorver algo mais que tenha me escapado na primeira. E sempre aprendo algo novo, percebo uma nova forma de ver e de conceber uma gastronomia de alto sabor aos olhos e ao paladar. Deixo aqui, logo abaixo, três dos meus prediletos e que considero, essenciais, para quem busca conteúdo diferenciado para sua "Gastronomateca".
Diz aí, qual é o seu?



"CHEFS, Segredos e Receitas" é um livro obrigatório. Não há, de forma rápida, outra maneira de absorver o conceito dos grandes chefs internacionais. Estão lá 18 dos mais renomados, entre eles, Ferran Adrià (espumas), Peter Gordon (condimentos), Pierre Hermé (sobremesas), Shaun Hill (caldos e sopas), Marcus Wareing (carnes), Atul Kochhar (culinária indiana) e Dan Lepard (pães).
"JAMIE OLIVER, o cara sem mistérios". Ou melhor, é o cara que provou que os ingleses são capazes de fazer algo na cozinha, além do tradicional ˜Fish and chips". Podem dizer que ele se vendeu para a mídia, que se popularizou demais com seus reality shows de gstronomia, mas a verdade é que Jamie virou uma referência pela sua flexibilidade em fazer pratos do mundo inteiro, de forma rápida, prática e sem perder o glamour de buscar ingredientes frescos e técnicas originais, porém dando um toque contemporâneo. Ele já tem seis livros publicados no Brasil, eu gosto de três, esse da foto, o "A Itália de Jamie" e o "Jamie em Casa". Bárbaros!
"HISTÓRIA DA GASTRONOMIA PAULISTANA", de Cristina Putz. Para mim, é o equivalente a uma bíblia. Remonta ao século XVI  e mostra a contribuição de cada ciclo de imigrantes para a composição dessa gastronomia maravilhosa que São Paulo oferece hoje. Primeiro foram os índios, depois os portugueses e os africanos. E até hoje, 450 anos após a fundação do Colégio dos Jesuítas, a cidade de São Paulo continua acolhendo gente do mundo inteiro. Italianos, japoneses, alemães, arábes, judeus, enfim, um pedaço de cada país está presente aqui, onde também se misturam brasileiros de todas as regiões.Receitas preciosas, dadas pelos chefs dos melhores restaurantes de cada especialidade.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Swarovski para beber

Cosecha Especial, da Norton, alta qualidade por um preço acessível
Bodega está entre as 20 melhores do mundo

A vinícola mais antiga da região ao sul do rio Mendoza, na Argentina - a Norton - é do grupo austríaco famoso pelos cristais mais delicados do mundo - o Swarowski. Degustando o espumante mais especial dessa Bodega, que é o Cosecha Norton Brut Rosé, dá para perceber esse link entre os dois produtos: artesanais e altamente bem elaborados. A bebida tem uma cor vibrante e o sabor é equilibrado, fresco e frutado na medida certa. É ótimo para acompanhar um coquetel ou regar uma festa. A outra vantagem desse espumante é que, ainda que tenha toda a qualidade de um grande vinho, é altamente acessível: a garrafa gira em torno de R$ 40,00. Essa vinícola, embora tenha sido fundada no final do século 19 e esteja presente em mais de 60 países do mundo, ainda não é  tão conhecida por aqui. A Norton já chegou a ser escolhida pela Wine Expectator como uma das 20 mais importantes do mundo e o seu enólogo, Jorge Riccitelli, acaba de ser eleito pela Revista Wine Enthiusiast entre os cinco melhores do planeta. Em Florianópolis, dá para receber em casa, pelo site da Winebrands.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ervas frescas e à mão

Cozinhas contemporâneas ganham hortas orgânicas verticais
água saborizada com ervas do quintal
Quem cozinha sabe a diferença quando utilizamos temperos frescos, de preferência colhidos na hora. Sem ter que passar por embalagens, mãos inábeis, transporte rude, geladeira e outras agressões, o aroma dessas ervas é bem mais intenso e a folha preserva o formato perfeito para decorar um prato. Por isso, inevitavelmente, quem cozinha tem sua hortinha particular.Eu tenho a minha. E não importa onde e nem o tamanho. Pode ser numa pequena floreira, num vaso na janela, num pedacinho de terra atrás do quintal e até dentro de uma garrafa pet. Vale tudo para ter à mão galhinhos e folhinhas aromáticas de alecrim, orégano, manjericão, hortelã, salsa e cebolinha. Estas, aliás, são as mais fáceis de cultivar e manter. Você pode comprar as mudas numa casa de agropecuária (custam em média R$ 0,10 cada) e plantar com um bom espaçamento para que cresçam. Pode também semear com aqueles pacotinhos que hoje se acha até em supermercado - e dá super certo. Ou ainda comprar os vasos já formados em lojas de paisagismo e apenas mantê-lo em sua cozinha. A minha, em casa, está em quatro floreiras com mais ou menos um palmo e meio de profundidade. Isso é importante se você pretende cultivar ervas mais robustas, do tipo alecrim ou hortelã, que precisam de mais terra. Só sei que é uma delícia finalizar um prato com ervas frescas colhidas na hora. Ou ainda fazer uma água aromatizada naturalmente para ser servida num brunch ou como acompanhamento de um vinho. Para fazer: colha pequenos ramos de hotelã, alecrim e manjericão, lave com um jato de água, sem esfregar as folhas. Coloque no fundo de uma jarra com uma rodela de limão siciliano e cubra com água gelada. Deixe repousar por 30 minutos e sirva, acrescentando gelo se preferir. Você vai se surpreender com o aroma e o sabor.
Floreiras são boa opção para plantar um mix de temperinhos






sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Borsalino, una bella scoperta


O clássico chapéu italiano que deu nome ao restaurante


Chef Pietro Neroni
Na última ida ao Rio a trabalho, um cliente de paladar exigente e hábitos pra lá de sofisticados, me apresentou o Borsalino, restaurante italiano na Barra da Tijuca e reduto de empresários e famosos do Projac. Bela descoberta. Só para mim, claro, porque a casa já está lá há décadas, colecionando prêmios consecutivos de melhor italiano do ano, melhor restaurante da Barra, melhor de O Globo, melhores da Veja e por aí vai. O Chef Pietro Neroni, nativo da Região Marche, área central da Itália, é o dono e chef do local. Também foi ele o responsável por homenagear a famosa e tradicionalíssima marca de chapéus Borsalino com o nome do seu restaurante. O ambiente é aconchegante, mas não chega a ser sofisticado. A varanda onde ficamos - nosso grupo tinha sete pessoas - é despojada e acolhedora, e ainda dá vista para uma charmosa micropracinha com um chafariz em ferro fundido que tem mais de 100 anos. Minha experiência gastronômica começou com uma Burrata (que chega da Itália ao restaurante duas vezes por semana) acompanhada de um tenro Parma. Regado a um tinto Catena Zapata, fui certeira num dos clássicos da casa: Ossobuco de Vitelo com Polenta Mole. Simplesmente maravilhoso, porém absurdamente grande para uma única pessoa. O exagero se repetiu nos demais pratos pedidos pelo grupo: massas, camarões, lagostas, paleta de cordeiro. Nossa mesa mais parecia o cenário do filme A Festa de Babette. Na próxima ida ao Rio, certamente vou tentar incluí-lo na agenda, ao lado de tantos outros clássicos cariocas maravilhosos como o Antiquarius, o Gero, o La Fiducia, o Olympe, o Mr. Lam, o Cipriani, o Marius, o Fasano Al Mare...
Ossobuco de Vitelo

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Entre os melhores do mundo


Toro Loco, esse tempranillo espanhol safra 2011 que chegou ao Brasil em 120 mil garrafas no mês passado e já está com o segundo lote - prometido para novembro - totalmente esgotado, foi considerado um dos melhores tempranillos do mundo. Produzido na região Utiel-Requena, foi degustado na Competição Internacional de Vinhos e Destilados do Reino Unido, onde custa apenas 3,59 libras (aproximadamente R$ 11,50). No teste, ele superou rótulos até dez vezes mais caros. No Brasil foi vendido com exclusividade pela Wine a R$ 25,00, um preço ótimo na relação custo-benefício. Mas eu ganhei quatro garrafas do amigo Pita Bittencourt, grande apreciador de vinhos, que conseguiu arrematar algumas caixas na importadora, descobrindo que nem sempre o melhor é o mais caro. Esse vinho, que degustei entre bons amigos com aperitivos leves, é muito fácil de ser combinado com qualquer prato. Por ser um tempranillo, tem uma característica leve, frutada, e harmoniza muito bem com um antepasto à base de legumes e queijos ou até mesmo com aquela pizza do sábado à noite. Mas agora "Inês é morta" e o negócio é torcer para que um terceiro lote surja até o fim do ano. Estou na lista de espera.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pão, azeite, vinho e amigos. Combinação mais que perfeita!

Um dos maiores e mais emblemáticos chefs de todos os tempos, o lendário cozinheiro francês Paul Bocuse, disse certa vez a um jornalista, quando perguntado sobre a melhor comida que ele já tinha provado em mais de seis décadas de profissão, que a sua melhor experiência gastronômica tem sido a combinação de um azeite excepcional e um pão bem feito. Está aí para ele toda a essência do sabor: natural, simples, genial e original. Acho maravilhoso receber os amigos em casa, com um pão feito por mim mesma, um bom azeite e um vinho para acompanhar. É uma espécie de homenagem pessoal ou de doação que você faz para quem você gosta e que depois você compartilha em clima de festa. Na foto, o pão maior é o que costumo fazer (todos os meus amigos já o conhecem) e os outros (ciabatta, australiano, baguete) eu os compro prontos para compor uma cesta simpática de boas-vindas num jantar. Não sou nenhuma expert em pães e, por isso mesmo, vou deixar a receita dele para vocês porque o resultado agrada geral.


Massa:
1/2 kg de farinha de trigo especial
1 xícara de água
2 colheres de sopa de azeite de oliva
1 colher de café de sal
1 colher de sobremesa de açucar
5 gr de fermento biológico seco (aquele de envelope, metade dele)

Como eu faço:

Coloco a água e o azeite num pote redondo e largo, vou adicionando a farinha, o açúcar e o sal e vou mexendo. Quando já estiver bem homogêneo coloco o fermento. E dou uma primeira sovadinha, acrescentando farinha se necessário (sempre é). Se você tiver máquina de fazer pão, coloque todos os ingredientes de uma vez e acione a função "amassar". Deixo descansando dentro desse bowl mesmo, por uma meia hora, coberta por um pano de louça.
Depois coloco na pia, com um pouco de farinha, e dou uma sovadinha melhor, nada mais que cinco minutos. Deixo descansando novamente, por mais 30 minutos pelo menos (na verdade, eu acho que quanto mais tempo ficar descansando melhor, uma vez deixei o dia inteiro enquanto estava trabalhando, e acho que foi o melhor pão de todos).

Depois é só abrir a massa, colocar o que você tiver disponível na geladeira dentro (sugestão: mortadela, lombinho, linguiça calabresa, tomate, azeitona, cebola, queijo, orégano, o que quiser, só não convém colocar recheios "molhados" tipo tomate seco no azeite ou molho de tomate, porque afeta o crescimento da massa). Eu abro como pizza, recheio como se fosse pizza, aí junto as pontas no centro da massa, viro ao contrário e ajeito para ficar redondinho. Em cima da massa coloco um pouco de sal grosso e páprica picante. E faço pequenos cortes com a faca em desenho de asterisco.

Asso por meia hora, em 250 graus mais ou menos. Ele não precisa dourar muito, senão fica ressecado. Para saber se ele está assado, eu o viro ao contrário e dou umas batidinhas, se der aquele som de "oco" é porque já assou por dentro.



Na hora de servir, um bom azeite é suficiente. E, de preferência, deixe as pessoas partirem o pão com suas próprias mãos. Fica intimista e - não sei o porquê - mais saboroso.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

NY, a Disneylândia da gula


Ir a Nova York é ter acesso ao melhor da gastronomia mundial em uma única cidade. Só Manhattan tem 30 mil opções de restaurantes. Ou seja, é cada vez mais difícil fazer aquela lista consensual dos "top ten". Mas juro que eu tentei e, depois de alguns anos viajando para NY, selecionei alguns dos melhores que conheço. Quer conferir? Então acesse a Revista ao Ponto (pag. 16 a 31) que publicou a matéria que escrevi. "Nova York, um convite irrecusável à gula". Revista ao Ponto

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pornô para mamães em cinquenta tons de clichês

Dói um pouco na alma quando a gente vê algumas obras com questionável valor literário ascender às listas de livros mais vendidos. Esse é o caso de "Cinquenta tons de cinza", best seller erótico que chegou ao Brasil no final de julho e já tem mais de 150 mil exemplares vendidos, que se somam aos mais de 40 milhões em todo o mundo. Apimentada, a trilogia narra a relação entre uma recatada jovem de 21 anos, Ana Steele, que cede às exigências sexuais de um empresário bilionário, Christian Grey, adepto do BDSM (universo que engloba o sadomasoquismo, dominação, submissão, disciplina e o uso de cordas para amarrar o parceiro durante a relação sexual). Não há trechos com erotismo velado. É tudo muito descritivo, nos mínimos detalhes e sensações. E deve ser exatamente isso que seduziu com tanta força os lares conservadores americanos e agora conquista o público feminimo brasileiro. Já ganhou o apelido de "pornô para mamães". Mas a literatura de E. L. James, ex-produtora de TV britânica e que não havia publicado nada desde então, não tem, nem de longe, o talento literário, ou a sutileza de outras obras libertinas, a la Marquês de Sade. O texto é quase teen (lembra Crepúsculo, Lua Nova e outras bobagens do gênero), cheio de clichês e muito, mas muito, repetitivo. Apesar disso, vai ganhar uma adaptação para o cinema, e tem duas sequências, "Cinquenta tons mais escuros" e "Cinquenta tons de liberdade", os dois chegando nas livrarias brasileiras por agora. Aviso: não vou contribuir para que estes também figurem no topo das listas dos mais-mais. Como se isso fosse mudar alguma coisa.

L'Incanto de Punta Del Este




Fetuccine com molho de queijo e limão
L'Incanto, restaurante que abriu há duas temporadas em Punta Del Este, veio realmente para encantar. Sabe aquele restaurante que você visita a cada seis meses e ele consegue manter o alto padrão de atendimento e cozinha? O L'Incanto é assim. Além de ser uma obra de arte arquitetônica, com amplos salões envidraçados para um jardim surpreendente, decoração contemporânea e referências das culturas uruguaia e italiana, o L'Incanto está situado num dos bosques mais lindos de Punta, na Pedragosa Sierra. A gastronomia, mescla as tradicionais receitas da terra de Puccini com um toque da cozinha moderna, principalmente na apresentação contemporânea dos pratos. A massa é fantástica: tanto as recheadas quanto os longuinis têm o bom sabor da tradição artesanal e a textura firme que só a farinha de grano duro de boa qualidade é capaz de dar. Uma das opções, simples demais, é altamente saborosa: fetuccine de queijos com toque de limão e manjericão. Das quatro vezes que estivemos nesse restaurante, sentimos que os preços foram ficando mais altos. Na última, sábado passado, já dava para sentir uma grande diferença. É provável que essa tenha sido uma forma de selecionar ainda mais o público, já que na temporada de verão as reservas precisam ser feitas com antecedência e, mesmo assim, a espera pode chegar a uma hora e meia. Acesse o site para mais informações e veja outras boas opções de pratos: http://www.incantopunta.com/

Ambiente rústico e muito aconchegante

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Qual é a boa de Punta?


Esse balneário uruguaio, famoso pelas baladas e pelos milionários e celebridades que desfilam por ali nas temporadas, é na verdade um paraíso para quem curte enogastronomia. Numa passagem rápida por Punta Del Este nesse último final de semana, um dos amigos que nos acompanhavam, Pita Bittencourt, deixou seu tempero para o blog contando uma das boas experiências. Confira:

"Sempre uma boa opção para quem visita Punta Del Este, seja veterano ou marinheiro de primeira viagem, o tradicional restaurante Lo de Tere proporciona momentos magníficos com excelente cozinha e muito boa carta de vinhos, além de maravilhosa vista do porto. Desta vez experimentei os famosos raviólis tingidos com tinta de polvo e recheados com carne de siri (foto abaixo), uma bela escolha que foi acompanhada do bom Pinot de Carlos Pulenta. Salud!" Pita Bittencourt.


Para reservas e informações, acesse o site: http://www.lodetere.com/. O restaurante fica na Rambla Del Puerto, próximo à Calle 21. Telefone: 00598 (42) 44 04 92.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Harmonizando vinhos e ouvidos

Cabernet Sauvignon, Merlot ou Pinot Noir? Diana Krall, Chet Baker ou Carla Bruni? A Winebrands, importadora paulista que oferece os vinhos mais descolados do planeta, lançou uma playlist sensacional para harmonizar vinhos e ouvidos. Para cada tipo de uva há cinco opções de músicas, que foram escolhidas a dedo por uma pesquisadora. A seleção é uma delícia, com intérpretes de primeira linha, em álbuns históricos e que convidam a uma boa taça. Acesse a playlist criada para o evento Winelounge e separe uma boa garrafa para logo mais à noite: Wine Lounge Playlist



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Chef Vitor Gomes dá a receita

Carré francês. Essa é a opção de 9 entre 10 glutões. Basta que ele esteja no cardápio. Dos cortes de cordeiro é o mais elegante e certamente um dos mais saborosos. O Chef Vitor Gomes, do Ponto G (bistrô com gastronomia autoral, sucesso absoluto em Florianópolis e que eu ainda, vergonhosamente, não conheço), mandou pra gente a sua receita especialíssima do Carré Francês em Crosta de Ervas. Fique atento para a técnica de grelhar antes de colocar no forno. Esse truquezinho sela o filé e impede que o sumo da carne se perca no cozimento, desidrate e deixe as fibras rígidas. Veja lá, inspire-se e mãos à obra! 

Crosta de Ervas
3 fatias de pão de forma sem casca
Salsinha, alecrim, tomilho, cebolinha, hortelã
2 dentes de alho
2 colheres de manteiga
Doure o pão no forno, coloque no liquidificador já picado e os demais ingredientes. Ligue e desligue o liquidificador e mexa com uma colher quantas vezes for necessário até obter uma pasta.

Carré Francês
4 unidades de carré
mostarda Dijon
crosta de ervas
Limpe o carré, tempere com sal e pimenta e grelhe rapidamente. Passe de um lado do carré grelhado, com a ajuda de um pincel, a mostarda Dijon e empane com a crosta de ervas. 
Leve ao forno para finalizar até que a crosta esteja dourada. 

Um bom acompanhamento? Siga a sugestão do mestre: Purê de Batata Baroa e Legumes Frescos regados com Azeite de Hortelã. E se achar que fazer em casa não é a sua praia, vá diretamente ao Ponto G. Reservas pelo fone: 48 8827.1911


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cores bem temperadas


Quem estiver em Punta Del Este não pode deixar de conhecer o simpático ateliê do artista urugaio e autodidata, Ignacio Zuloaga. É provável que você o veja lá pintando e fazendo seus experimentos, ao mesmo tempo em que ele conversa com os visitantes, vende telas, despacha obras para todo o mundo, e conta histórias. A arte de Ignacio Zuloaga impressiona pelos traços fortes e pela intensidade e diversidade de cores numa única obra. As telas são imensas, dimensões proporcionais à força das suas criações. A identificação com o traço do artista é subjetivo, mas o impacto é inevitável. O ateliê fica na Ruta 10, km 159, em La Barra. Estacione o carro por ali e aproveite para visitar a pé outros muitos ateliês, galerias de arte, lojas de antiguidades e outras delícias culturais hechas in Uruguay. Se não puder ver ao vivo, vale conferir algumas das suas obras no site do artista: http://www.zuloagaatelier.com/index.html.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Como era gostoso o meu francês

Em 33 cidades brasileiras, inclusive Floripa, está acontecendo um dos festivais mais legais do ano, o Festival Varilux de Cinema Francês. São 17 filmes, com exibições diárias, e entre eles alguns estrelados como o premiado “Intocáveis” (Intouchables), de Olivier Nakache e Éric Toledano. Com François Cluzet e Omar Sy, o longa foi o fenômeno absoluto de bilheteria na França em 2011, um dos filmes mais vistos na história do cinema francês, levando aos cinemas mais de 20 milhões de pessoas. Entre outros importantes títulos no Festival Varilux estão vários filmes que foram exibidos no último festival de Cannes 2012, como "Adeus Berthe - o enterro da vovó" (Adieu Berthe ou l'enterrement de Mémé), de Bruno Podalydes; "Aliyah" (Alyah), de Elie Wajeman; "O Barco da Esperança" (La Pirogue), de Moussa Touré; e filmes que serão lançados em breve no mercado brasileiro como "E agora, aonde vamos?" (Et maintenant on va ou ?), de Nadine Labaki ; "Uma garrafa no mar de Gaza" (Une bouteille à la mer), de Thierry Binisti ; "Um evento feliz" (Un heureux événement), de Remy Bezançon ; "A Filha do Pai" (La fille du puisatier), de Daniel Auteuil ; Paris-Manhattan", de Sophie Lellouche ; "A arte de amar" (L'art d'aimer), de Emmanuel Mouret ; "Polissia" (Polisse), de Maiwenn ; "Titeuf", de Zep ; "My Way, O Mito Além daMúsica" (Cloclo), de Florent Emilio Siri ; "A Vida Vai Melhorar" (Une Vie Meilleure), de Cédric Kahn ; e "O Monge" (Le Moine), de Dominik Moll. Na contramão das indicações dos "mais-mais" pela mídia especializada, assisti ontem o "My Way, o Mito Além da Música" e adorei! O filme conta a história de Claude François, o Cloclo, um dos maiores cantores de música popular francesa, que fez um sucesso louco na sua curta trajetória artística (ele morre tragicamente aos 39 anos de idade) e vendeu mais de 67 milhões de discos. Foi ele quem fez a canção "My Way", cuja versão americana ficou eternizada na voz de Frank Sinatra. O filme mostra também os bastidores da construção de um ícone da música e o empirismo de um marketing pré-internet, redes sociais ou globalização. Divertido e tocante. Um pouco longo, 2h28min, mas não dá para sentir o tempo passar. O Festival Varilux de Cinema Francês tem co-patrocínio da Aliança Francesa e em Florianópolis está no Paradigma Cine Arte, na SC-401, até esta quinta-feira, dia 23. Ingressos a R$ 14,00 e R$ 7,00.



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Cozinha show




Para quem adora cozinhar e ama comer bem - assim como eu! - um restaurante em que se possa observar do salão o preparo dos alimentos e sentir todo o frisson da cozinha com cheirinho da cebola refogada, é simplesmente o máximo. O Juvia, em plena Lincoln Road, o calçadão mais badalado de South Beach, é um desses restaurantes que você se apaixona antes mesmo de experimentar a comida.  A cozinha, espetáculo à parte, é totalmente aberta para o salão.O ambiente todo, em tons cinza e violeta, com música lounge e muita bossa nova, tem dois jardins verticais exuberantes com o diferencial de ficar numa cobertura linda, em que se pode ver Miami 360º. O Juvia participa até o final desse mês do festival Miami Spice, então está oferecendo pratos de alta gastronomia a 29 dólares, como essas boxes super simpáticas de inspiração asiática. Eu escolhi a de carne suína, com arroz jasmine, salada caramelada e cupcake de cenoura. A do Róger Bitencourt, o maridão, foi de um tipo de bacon com molho cítrico, risoto de funghi, salada de algas e o mesmo cupcake gracinha. Escolhas acertadas!


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Correr, comer, viajar e amar




Pra quem é adepto da corrida, mas também adora viajar, ver paisagens incríveis, beber bons vinhos e descobrir novas gourmandices, Montain Do do Deserto do Atacama, no Chile, é o canal. A prova do próximo ano, acontece no dia 17 de março e as inscrições já estão praticamente esgotadas (faltam 95, para ser mais precisa). Isso porque há um limite máximo permitido de pessoas circulando nesse paraíso ecológico mundial. Estivemos por lá na prova desse ano, na primeira edição do evento, e fomos surpreendidos por um cenário natural diferente de tudo o que já havíamos visto. É o ambiente mais inóspito do planeta, porém lindo. A cidade de San Pedro do Atacama é muitíssimo rústica, sem calçamento, e os atacameños, apesar de serem um povo muito primitivo, são altamente sorridentes e receptivos. Ficam em festa com a chegada dos atletas e turistas de toda parte do mundo. A gastronomia local é saborosíssima e natural, à base de abacate, mandioca e grãos antigos como a quinoa, que eles usam em tabules e saladas. O ceviche é outro prato apreciado por ali, com ingredientes muito frescos. Nas imediações alguns passeios são obrigatórios e inesquecíveis como o Vale da Lua, o Vale da Morte, os Gêiseres de Tatio, as Termas de Puritama, além dos Salares que são um espetáculo à parte, principalmente no pôs-do-sol. Há hotéis e pousadas para todos os gostos e bolsos, desde hospedarias simples até resorts como o Alto Atacama Lodge & Spa, um verdadeiro oásis no deserto. Corra pra fazer a sua inscrição e participar de uma prova diferente de tudo o que você já viu.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Felicidade azul

Sim, é real! Este é o La Côte, restaurante de praia do hotel Fontaine Blue, em Miami Beach. O lugar é não só uma experiência gastronômica inesquecível mas um presente para os olhos e uma homenagem aos sentidos. Brisa fresca, mar azul, ambiente super confortável e charmoso, comida mediterrânea leve e despojada. Sem frescuras, autêntico e, contrariando todo o DNA francês, com bons e simpáticos garçons brasileiros, como o Arnaldo, que nos atendeu. Que aliás, está batendo um bolão na nova profissão se imaginar que há menos de um mês era cabeleireiro em Nova York. Cansou do inverno rigoroso, da sala fechada, do cheiro de alisamento japonês. Agora vive de bermudas, olhando para um mar que não tem tamanho e conhecendo gente bonita e detentora daquele humor típico dos que parecem viver em férias eternas e com um cartão de crédito sem limite. Arnaldo sabe das coisas. E foi ele quem recomendou que experimentássemos o Garlic Shrimp, uns camarões gigantes grelhados, muito frescos com alcachofras, polvo, limão e pão grelhado com alho. Como entrada, serve 4 pessoas. Olhem a minha logo abaixo. Ótima pedida por 25 dólares.