quarta-feira, 23 de julho de 2014

Seis bons motivos para você não abandonar as locadoras

Uma nova onda surge no mundo das locadoras: as especializadas em filmes raros e exclusivos, aqueles que não podem ser encontrados na internet ou nas tvs por assinatura. Então, não se sinta ultrapassado se, qualquer dia destes, você simplesmente sair de casa para buscar um filme na locadora. É cult!


 Em tempos de Netflix, Sky On Demand e PopCorn-Time, buscar um filme na locadora da esquina parece um comportamento um tanto obsoleto. Mas há quem garanta que esse prazer de optar por um filme físico está longe de sair de moda. Isso porque, diferente das tradicionais locadoras do tipo Blockbuster, está surgindo no mercado um tipo de locação com um serviço bem mais sofisticado e, o melhor, dotado de um acervo exclusivo que não se encontra em nenhuma estante digital oferecida na internet ou pelas tvs por assinatura. É a chamada locadora cult, negócio que foi organizado com sucesso pelo Paradigma Cine Arte, em Floripa.


O empreendedor, e cinéfilo declarado, Frederico Didone, conta que o grande fato motivador para organizar um acervo exclusivo, em DVD e Blu-Ray, foi o de poder oferecer ao público o mesmo título exibido no cinema do Paradigma só que fora do restrito período em cartaz. “São filmes raros, exclusivos, títulos realmente impossíveis de serem garimpados na internet”, comemora. E não é para menos. Hoje a locadora do Paradigma conta com mais de 1.000 filmes, todos em pelo menos uma destas categorias: raros, exclusivos ou cult.

Outro ponto interessante é que nessa nova geração de locadoras presenciais acabou aquela correria para devolver o filme e, muitas vezes, levar de volta sem ter conseguido assistir. No Paradigma, o prazo de devolução é de nada menos que 15 dias, ou seja, dá para assistir até mais de uma vez aquele que se gostou mais, emprestar para um amigo, enfim, curtir o título. E nem por isso, o serviço é caro: três filmes por 15 dias, chuta? R$ 15,00. Praticamente uma meia entrada num cinema comercial.

Aproveitei a deixa e convidei o Frederico para selecionar entre os 1.000 títulos disponíveis, aqueles que não podem faltar na lista de qualquer ser humano e contemporâneo que goste de cinema. E assim, mexendo em centenas deles, prateleira a prateleira, chegamos a uma lista eclética, rica em estilos, em prêmios, que levam a assinatura de diretores brilhantes e nem tão famosos assim, mas que deixaram a sua marca. Ficou pra lá de interessante a nossa cinelist. Confira, anote e corra atrás se faltar algum título no seu acervo pessoal de vida.


1.     Hanami - Cerejeiras em Flor

Essa co-produção franco-alemã, dirigida por Doris Dorrie, foi lançada em 2008. A história é sensível ao extremo. Quando Trudi (Hannelore Elsner) descobre que seu marido Rudi (Elma Wepper) tem uma doença grave, ela sugere que ambos visitem os filhos em Berlim, sem contar a eles sobre o estado de saúde do pai. Como Franzi (Nadja Uhl) e Karl (Maximilian Brückner) não dão muita atenção aos pais, eles resolvem partir para o mar Báltico. É quando, subitamente, Trudi morre. Rudi fica devastado. Em contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele embarca então em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo. 2h7min.


2.     Medianeiras 

Com a direção assinada por Gustavo Taretto, esse longa argentino foi filmado em Buenos Aires e na Espanha. A história trata de forma romanceada o tema da solidão urbana. O protagonista Martin (Javier Drolas) está sozinho, passa por um momento de depressão e não se conforma com a maneira com a cidade de Buenos Aires cresceu e foi construída. Web designer, meio neurótico, pouco sai e fica grande parte do tempo no computador. É através da internet que conhece Mariana (Pilar López de Ayala), sua vizinha também solitária e desiludida com a vida moderna numa grande cidade. Pra quem não sabe, Medianeras é o nome que se dá para aqueles vãos entre dois prédios e na Argentina é proibido construir janelas nelas. Venceu como melhor diretor e melhor filme estrangeiro no Festival de Gramado de 2011. 1h35min.


 
3.     Lixo Extraordinário

Filmado ao longo de dois anos (2007/2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano. Imperdível. Documentário dirigido por João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley,  foi vencedor de prêmios de público nos festivais de Sundance e Berlim em 2010, além de ter sido indicado ao Oscar (Melhor Documentário) em 2011. 2h39min.
 
4.     Ferrugem e Osso

Baseado nos contos do autor canadense Craig Davidson, Ferrugem e Osso é um filme que coleciona indicações e prêmios. Esse drama francês, dirigido por Jacques Audiard, trata de uma história de amor imprevisível sobre todas as dificuldades físicas e morais. O cenário é o norte da França, onde Alain (Matthias Schoenaerts), boxeador, está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de baleias. Alain a leva em casa e deixa seu cartão com ela, caso precise de algum serviço. O que eles não esperavam era que, pouco tempo depois, Stéphanie sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre. 2h00min.


5.     Os Sabores do Palácio 

Se você gostou de  A Festa de Babete, então surpreenda-se ainda mais com esse clássico contemporâneo. Dirigido por Christian Vincent e com uma fotografia impecável de Laurent Dailland, esse filme vai do drama à comédia no bom trabalho da atriz Catherine Frot. Ela é Hortense Laborie, uma respeitada chef que é pega de surpresa ao ser escolhida pelo presidente da França para trabalhar no Palácio de Eliseu. Inicialmente, ela se torna objeto de inveja dos outros cozinheiros do local. Com o tempo, Hortense consegue mudar a situação. Seus pratos conquistam o presidente pela simplicidade, mas terá sempre que se manter atenta, afinal os bastidores do poder estarão cheios de armadilhas. Esta é uma história real baseada na vida de Danièle Mazet-Delpeuch, chef particular do ex-presidente da França, François Mitterrand (Jean d'Ormesson). 1h35min.


6. Cada um com seu Cinema  

Quer uma aula sobre cinema? O atalho pode ficar bem mais saboroso com esse filme, que na verdade nasceu de uma encomenda de Gilles Jacob, presidente do Festival de Cannes, para a comemoração do 60º aniversário do evento. Esse longa é absolutamente único, reúne o modo como 33 cineastas de 25 países olham o cinema e as salas de cinema, lugar de comunhão dos cinéfilos do mundo inteiro. É um resumo autêntico do estado do mundo do cinema e das singularidade de cada cineasta. O tema que os une nesse trabalho é o amor pelo cinema e a diversidade dos filmes prova o quanto o entusiasmo por essa arte é praticamente universal. A direção é assinada por três respeitados cavalheiros no ramo: David Cronenberg, Manoel de Oliveira e Walter Salles. 1h59min.



terça-feira, 1 de julho de 2014

Hamburguer homemade, tem coisa melhor?

Assim, grelhado na churrasqueira, já é provocação!
Um hamburguer feito em casa tem seu valor. E tem o seu jeito, o seu tempero preferido, o tipo de carne que você mais aprecia, a espessura ideal, o ponto de cozimento predileto. E outra, com os ingredientes e a forma de preparo escolhidas, você define quantas calorias ele vai ter.
É claro, fazer exatamente como você gosta, exige um certo treinamento. A gente não acerta de primeira, mas vai fazendo um ajuste aqui, acrescentando outro ingrediente ali e, voilà, um dia ele surge tranquilo e infalível como Bruce Lee, apaixonadamente como Peri!


Vou contar aqui a minha receita, inspirada no "Cadilac", do P.J.Clarke´s. Para mim o hambúrguer tem que ter mais carne pura que misturas. Ele tem que ter crocância, com cebolas por exemplo, e algum toque ácido, como pepino em conserva ou rúcula. O pão não pode ser massudo, volumoso. Precisa ser fininho, macio e de preferência aquecido. Dispenso totalmente as batatas fritas para acompanhar, assim como ketchup e outras americanices que sabotam o sabor original. 

Então ele ficou assim:

1 kg de patinho moído (peça ao açougueiro para limpar bem a peça inteira antes de moer e tirar qualquer sombra de gordura ou nervos que porventura vieram povoar o patinho. Ah, e diga para passar na máquina de moer duas vezes. A carne deve ficar cor-de-rosa)
1 envelope de creme de cebola Maggi (isso não é propaganda da marca, infelizmente não tenho esse patrocinador, mas é a marca que deu o melhor resultado nas minhas experiências)
2 dentes de alho crus, bem esmagados
1 colher de sobremesa de molho inglês
1 ovo inteiro cru
3 fatias de pão-de-forma embebidos em 2/3 de xícara de leite
pimenta do reino moída na hora
3 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem



Mãos à obra: esmague com os dedos o pão embebido no leite até formar uma pasta branca. Numa bacia grande, adicione ao pão desmanchado os outros ingredientes dessa lista aí em cima, tudo de uma vez. Como se fosse sovar uma massa, vá misturando tudo e amassando a carne e seus temperos.Tudo com as mãos. É meio grudento, mas aos poucos melhora.

Imperfeitos e maravilhosos
Pegue uma frigideira larga e besunte o fundo com óleo de soja (pouco, e espalhe com um guardanapo ou um pincel de cozinha). Antes de ligar o fogo, vá fazendo os hambúrgueres e colocando organizadamente na frigideira, deixando um espaço mínimo entre um e outro. Para moldar os hambúrgueres é bem simples: eleja uma medida qualquer, eu uso uma colher de sopa, e pegue essa quantidade da massa preparada. Faça uma bola com as mãos, depois achate, ajeitando com os dedos para o círculo ficar bonitinho. Lembre-se, é um hambúrguer homemade, então ele não deve ficar perfeito. Cuide para ele não ficar muito fino (perde sabor e fica parecendo aquelas porcarias processadas e congeladas em caixinhas) e nem grosso demais (corre-se o risco de ficar cru no meio). Com a mesma colher, vá fazendo os outros até a carne terminar. 

Acenda o fogo numa chama média e, quando começar a ouvir aquele chiado de coisas grelhando, conte 3 minutos e vire cada um deles com delicadeza (melhor é usar uma colher chata de silicone ou madeira para não furar e nem partir o hambúrguer). Deixe 3 minutos do outro lado. Coloque lâminas de queijo mussarela e desligue o fogo. Ele termina sozinho.

Enquanto isso, aos acompanhamentos:

Pão - eu prefiro o francês paulista ou o de trigo de Floripa (fatie ao meio e coloque no forno para aquecer com algumas borrifadas de água por cima - ele vai ficar crocante e quentinho em 1 minuto e meio)


Cebola com Shoyu: acompanhamento irresistível
Cebola do Cheddar McMelt - sou simplesmente apaixonada por esse item ianque do capital opressivo. E peguei a receita diretamente na fonte, com um amigo que é franqueado do McDonald´s: corte uma cebola em quadradinhos minúsculos. Não lave. Coloque umas duas colheres de sopa de shoyu. Leve ao microondas por 4 minutos, mexendo na metade do tempo. Se fizer na frigideira, fica mais saboroso, mas precisa adicionar azeite. Uma colher de sopa dessa cebola imperialista vai deixar seu hambúrguer caseiro simplesmente irresistível.

Pepino em conserva cortada em lascas finas
Maionese light para untar o pão (misturo duas colheres de sopa com 1 de sobremesa de mostarda preta)
2 folhas de rúcula 
Sem fritas, sem sal, sem catchup

Essa receita rende aproximadamente 15 hamburgueres gourmet, homemade e de alta qualidade.