quinta-feira, 10 de abril de 2014

Veramente bello!

Ironia e inteligência ácida enriquecem a personalidade de Jep













Fui assistir ao "La Grande Bellezza", de Paolo Sorrentino, drama italiano que ganhou o Oscar como melhor filme estrangeiro. E gostei muito do que vi. Não sei se porque fui sem ter criado expectativas e desarmada de qualquer crítica que havia lido, mas a verdade é que o filme me fez bem. Adorei passear com o movimento da câmera por paisagens de tirar o fôlego, a plasticidade toda é estarrecedora. Deu vontade de voltar a Roma. Também gostei muito do humor irônico e ácido de Jep Gambardella, escritor de um livro só e que ao completar 65 anos já não tem papas na língua ao mesmo tempo em que vive o dissabor da decadência. O excelente ator Toni Sevillo me rendeu risadas extra roteiro. Isso porque ele é muito parecido, no humor e na fisionomia com um grande amigo italiano, o Mimo Domenico Calabria. Há passagens engraçadíssimas no filme quando se revela uma alta sociedade de Roma brega e pseudo-intelectual. Destaque também para a riqueza do texto, que tem como coadjuvante citações de Dostoiévski, Breton e Flaubert, entre outros autores universais. Trilha sonora envolvente, vai de belos cantos gregorianos a baladas com Pa Panamericano. Ponto negativo? Sim. Muito longo. São 142 minutos de rara beleza e acidez, mas que poderiam ser 80, 100, 110 estourando, e sem perder qualquer conteúdo relevante.
Jep Gambardella - o nosso amigo Mimo - tem uma cobertura de frente para o Coliseu. Chato, né?



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu tempero: