sexta-feira, 23 de maio de 2014

Ora, ovas!

Os caviares mais luxuosos do mundo que me perdoem, mas ova de tainha é fundamental! Fresca e assada no forno, frita, na brasa e até defumada - a chamada bottarga - é a mais pura essência da base da comida de inverno dos manezinhos da Ilha. Bate aquele ventinho sul no final de maio e o povo de Floripa já começa a sonhar com as tainhas que trarão as ovas mais desejadas do planeta. Hoje, estamos num dia assim por aqui. A temperatura em queda, o dia cinza, os pescadores com suas redes no plantão só aguardando o sinal dos olheiros em cima dos morros que avisam quando os cardumes se aproximam da costa. E quando a rede entra em ação, o povo enche a praia suportando com alegria o vento gelado e a gritaria festiva das gaivotas que prevêem o banquete de logo mais. E todos ficam ali aguardando e, no caso de necessidade, ajudando a puxar a rede com o tesouro capturado. Quem não tem esse privilégio, vai à peixaria no dia seguinte e se dá bem do mesmo jeito. É o meu caso.

Mas, vamos ao que interessa, três formas de fazer ovas de tainha em casa, você mesmo, sem requerer prática nem tampouco habilidade:

Assada no forno, não tem?
Pegue uma gorda ova dupla (eu disse dupla? sim, todas são. Mas a primeira vez que a tirei de dentro de uma tainha, a paulistana aqui achou que tinha sido sorteada - santa ignorância!) e tempere com sal fino e dois limões. Coloque numa forma e leve ao forno médio pré-aquecido por 20 minutos no máximo. Retire do forno e, ainda bem quente, faça um corte de ponta a ponta regando com azeite de oliva extra virgem. Para sofisticar, coloque um pouco de flor de sal triturada na hora.

Sequinha na churrasqueira

Tempere da mesma forma, mas enrole numa folha de bananeira. Se não tiver (e quem é que tem?) apele para o velho e bom papel alumínio, ele não vai te decepcionar. Coloque na grelha e deixe por lá o mesmo tempo necessário para aquela cerveja artesanal que foi ao freezer ficar no ponto. Desenrole o papel alumínio, coloque a bicha numa tábua e regue com muito limão e azeite. Coma assim, com palitinhos, amigos e cervejinha gelada. Pra quem não sabe, ova esfarela então comer diretamente na tábua vai exigir de você um pouco de destreza e equilíbrio.


Fritinha

Mané que é mané, frita. Com muito óleo, no processo de imersão mesmo. Não conta calorias. O que conta é o sabor. Nesta versão, a tainha ganha crocância e a pele que a envolve forma uma película bastante agradável ao paladar. Para aromatizar o azeite em que a ova será frita vale acrescentar uns ramos de alfavaca. Ela vai perfumar não só o prato, mas também o ambiente. E uma dica importante: antes de colocar a ova no óleo bem quente, deixe-a envolvida num pano de prato para secar bem e evitar respingos. Vire uma única vez, três minutos são suficientes de cada lado. Sirva quentinha, com limão galego ou mesmo com gomos de bergamota. O azedinho "quebra" a gordura.

E aí, vais comer ou vais ficar só de butuca, istepô?







4 comentários:

  1. Karin, o teu blog é demais!!! parabéns, adoro a simplicidade que vc escreve. bjs Bia

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  2. Saudades e água na boca! As ovas também conquistaram o baiano aqui!

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  3. Show muito boa a matéria! Morei 4 anos em Floripa e exatamente o que você diz aqui acontece la! Amo tainha e tenho muitas saudades de Floripa ! Moro no Rio hoje, e faço pesca submarina, coisa boa é quando encontro uma tainha com ovas aqui na barra. Valeu

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  4. Eu amo ova de tainha..mas me faz mal...pois estilo nas fezes gordura amarelo...gordura pura

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