sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pelos poderes de Dorian

O Retrato de Dorian Gray, este clássico de Oscar Wilde que releio agora, nunca foi tão factual. Wilde, um grande contestador dos valores burgueses de seu tempo, expõe nessa obra todos os podres, libertinagens e outros pecados de algumas figuras da sociedade de então, incorporada com mais vigor no abastado Lorde Henry, um aristocrata clássico que tenta persuadir o belo jovem narcisista Dorian Gray com seus pensamentos, digamos assim, politicamente nada corretos. Anseio plenamente correspondido porque Dorian, então com 17 anos, vaidoso e com sua personalidade em formação, é levado a incorporar valores até então nunca imaginados pelo rapaz, como o do fim da vida e degradação de seus bens mais preciosos (beleza e juventude), devido à atuação do tempo sobre a carne. É aí, que entra na trama o pintor Basilio Haward, criador do grande Retrato de Dorian Gray, uma síntese da beleza eterna e fascinante. Mas, num momento de fúria, Dorian pede aos céus que ele nunca envelheça e se mantenha lindo e exuberante para todo o sempre, assim como está em seu retrato, e que todas as marcas do tempo e dos seus pecados sejam transferidos para a pintura. E, acreditem, é o que acontece. Agora, guardados todos os preconceitos, cinismos, vaidades exarcebadas e outros desvios de valores, quem aí não gostaria de fazer o mesmo com aquela foto 3x4 tirada para o RG aos 18 anos de idade? Boa leitura!

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